Nossa geração, hoje na faixa que vai dos 30 aos 40 anos, e provavelmente as anteriores, estava acostumada a conviver com uma economia extremamente instável e uma inflação galopante que corroia o valor de nossa moeda. Em contrapartida a isto, existiam investimentos, entre este a própria poupança, que concediam rentabilidades estratosféricas em números absolutos, mas que em valores líquidos de inflação ficavam nos patamares próximos aos que temos hoje.
Nos anos seguintes a estruturação do Plano Real, e até a pouco mais de um ano, as altas taxas de juros contribuíram para uma grande concentração de recursos nos investimentos de Renda Fixa, que aliavam uma razoável segurança com um retorno satisfatório.
Estes, em minha opinião, foram os maiores venenos para nosso mercado de capitais e investimentos de risco. Isto por que, o investidor médio, com nível baixo de informação específica sobre o assunto é extremamente resistente a abandonar sua “segurança” e se contenta com rendimentos irrisórios.
Neste cenário, a principal informação que parece carecer a este público-alvo é o conceito de níveis de risco. Tenho conversado com alguns possíveis clientes e observado que eles reconhecem segurança, risco e a relação de rentabilidade destes conceitos, porém não percebem que existe uma escala que elege vários graus de risco para diferentes investimentos. Fica claro que para eles: “Ou meu dinheiro está seguro e ganho pouco ou ganho bastante e posso perder tudo a qualquer momento!”
Quem trabalha no mercado financeiro sabe que as coisas não são bem assim, mas é para este outro público que possui uma “meta-informação” que gostaria de revelar alguns conceitos.
Existem vários tipos de investimentos, com estratégias diferentes para prazos diferentes. Não existe ganho elevado sem risco, mas podem existir ganhos moderados com riscos moderados Tudo depende do grau de aversão a risco do investidor, que é chamado de suitability.
Definido estes graus, que podem ser revelados através de um questionário, iniciamos uma análise de diversificação buscando uma estratégia conforme o prazo. Observemos um caso hipotético de um senhor idoso com mais de 60 anos, com características bastantes conservadoras, que sempre aplicou em poupança e decidiu pedir orientação.
Neste caso, de forma simplificada, poderíamos orientar que no máximo 10% de suas economias fossem direcionadas a investimentos de renda 100% variável. 20% direcionados para fundos multimercados ou estruturados que possuem retornos médios e riscos moderados e, em alguns casos, possuem prazos de entrada e saída definidos. Com os 70% restantes recomendaríamos Renda Fixa, diversificando entre CDBs, Fundos Referenciados RF e a própria Poupança.
Perceba que grande parte dos recursos continua aplicada em ativos de baixo risco, mas utilizando esta estratégia poderíamos, provavelmente, duplicar o retorno médio do investidor se comparado a um investimento 100% em Renda Fixa.
Pretendo no futuro falar mais detalhadamente nestas estratégias e nos produtos disponíveis no mercado para estes fins. No momento, creio que esta explicação pode despertar algumas pessoas para aumentar a rentabilidade de suas economias.