Estivemos neste final de semana, eu e minha mulher, em uma ONG na região de Águas Claras, distrito da cidade de Viamão/RS com mais de 23 mil habitantes. A ONG Pequeno Rei do Morro faz trabalhos com crianças e adolescentes visando orientação familiar e educação. O que mais nos chamou a atenção no relato da responsável foi a ausência de condições básicas de vida necessárias ao ser humano, como acesso a educação (não existe na região Escolas de Ensino Médio, a mais próxima fica a 40km) e saneamento básico, entre outros relatos pesados que não caberiam mérito neste blog.
A conversa me levou a algumas reflexões sobre estado, gestão e principalmente pessoas. E gostaria de discutir o papel do Servidor Público em nossa estrutura social desde os representantes eleitos por nós até o funcionalismo.
Segundo o dicionário Michaelis on-line:
servidor
ser.vi.doradj (servir+dor2) 1 Que serve a outrem; servente, doméstico, criado.
servir
ser.vir(lat servire) vtd 1 Estar a serviço de; prestar serviços a: Servia um bom amo. vint 2 Prestar serviços; ser servo ou criado: Fora contratada para servir. vtd e vint 3 Ajudar, auxiliar, ser útil, servidor, benfazejo: Gostamos de servir os amigos. Servir a pátria; servi-la com a pena ou com a espada. “O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir” (Evangelho segundo S. Mateus, 20, 28 – trad. do Pe. Matos Soares). O mais nobre lema: Amar e servir.
público
pú.bli.coadj (lat publicu) 1 Pertencente ou relativo a um povo ou ao povo. 2 Que serve para uso de todos. 3 A que todos têm o direito de assistir. 4 Comum.
A semântica das palavras é maravilhosa, pois nos fornece os conceitos prontos. Porém me parece que perdemos, com o passar do tempo, o real significado das palavras que proferimos como eu já havia citado aqui. Em suma, a função do Servidor público e se prestar a atender as demandas do povo, cumprindo suas funções de forma a viabilizar nossa relação enquanto sociedade.
Porém temos um problema que nasce dentro de nosso próprio juízo de valor. Problema que gera o descaso de gestão a ponto de ser necessária a criação de ONGs para suprir estas deficiências. Problema que, para mim, está incutido no interesse do Servidor Público.
Porém temos um problema que nasce dentro de nosso próprio juízo de valor. Problema que gera o descaso de gestão a ponto de ser necessária a criação de ONGs para suprir estas deficiências. Problema que, para mim, está incutido no interesse do Servidor Público.
O que busca um Servidor Público?
Tenho o desprazer de relatar uma conversa entre amigos que prestaram recentemente concurso para o Banco Central do Brasil, a qual transcrevo de forma informal:
“Então está fazendo o concurso por que gosta de trabalhar em banco?”
“Não! Estou fazendo por que gosto de ganhar R$ 12.000,00 de salário.”
“Não! Estou fazendo por que gosto de ganhar R$ 12.000,00 de salário.”
Tenho consciência que o mercado restritivo e a falta de oportunidades geradas pelo nosso sistema baseado no capital gerem na sociedade a busca por segurança e estabilidade que acaba por criar uma avalanche de profissionais buscando vagas no serviço público. E volto a dizer, este é apenas um exemplo que tenta fugir do coloquial discurso contra a classe política brasileira, pois todos são servidores públicos com o mesmo grau de responsabilidade.
O que quero dizer é que me parece que o problema está no seio do nosso entendimento. Políticos se candidatam, pessoas fazem concursos, voluntários trabalham em partidos para serem nomeados em cargos de confiança, com o único objetivo de ganharem bons salários e terem estabilidade, enquanto que sua real motivação deveria ser o significado das palavras que lhe qualificam: Servir o Povo!
Recentemente ocorreu o Fórum Social Mundial onde muito se discutiu sobre estes assuntos, mas percebo que ao final dos debates, se vê muitas disputas de interesses diversos e poucos caminhos pela melhoria de nossas relações sociais. Temos dificuldade de fixar nosso foco de forma relevante ou mesmo “eleger nossos vilões a combater”.
E no final temos a conseqüência: Um povo que sofre, sem conhecimento e sem a menor condição de adquiri-lo. Ante o progresso econômico sempre estarão à margem, por responsabilidade daqueles que deveriam servi-los.
E esta responsabilidade é nossa, pois nesta sociedade temos o direito de escolher aqueles que devem nos servir e também de decidir nos tornar servidores.
Pensemos nisso!
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